Goleiros se unem contra nova regra de pênaltis; aproveitamento de batedores melhora e atinge quase 90%

Goleiros se unem contra nova regra de pênaltis; aproveitamento de batedores melhora e atinge quase 90%

Ampla maioria de goleiros de clubes brasileiros consultados pelo ge lamenta mudanças: “Eu não vejo uma regra para o batedor, só para os goleiros”, diz Rafael, do São Paulo – Por Redação do Ge* — Rio de Janeiro

O irreverente Dibu em Argentina x Croácia na Copa do Mundo de 2022: goleiro argentino foi um dos motivos para a Fifa alterar a regra — Foto: Divulgação

O irreverente Dibu em Argentina x Croácia na Copa do Mundo de 2022: goleiro argentino foi um dos motivos para a Fifa alterar a regra — Foto: Divulgação

Engessados numa regra pesada e numa disputa desigual contra batedores. A 11 metros de distância, eles precisam evitar o gol, bem comportadinhos, entre 7,3 metros de raio e 2,4 metros até a trave para cima. É um resumo do que passam os goleiros diante da atualização da regra em disputa de pênaltis. De acordo com o novo texto da IFAB – a associação internacional da Fifa que regula as leis no campo de jogo -, o goleiro não pode “se comportar de forma a distrair injustamente o cobrador”.

A alteração provocou reações diversas entre os goleiros. A mudança tem muito a ver com o goleiro campeão do mundo, Emiliano “Dibu” Martinez, que provocava, dançava e esbanjava confiança. No Brasil, a esmagadora maioria dos goleiros lamentou a regra.

temerosos de qualquer tipo de retaliação -, mas os poucos que deram entrevista ao ge foram enfáticos, como já havia sido Gabriel, goleiro do Coritiba:

– Eu até perguntei: “cara, eu não posso me movimentar?” “Não, você não pode tirar a atenção do atacante, não pode…” Daqui a pouco vão engessar o goleiro e falar para o cara bater – ironizou Gabriel, do Coritiba, ao ge.

Gabriel, goleiro do Coritiba, foi um dos goleiros que se manifestou contrariamente à mudança da regra — Foto: Coritiba

Gabriel, goleiro do Coritiba, foi um dos goleiros que se manifestou contrariamente à mudança da regra — Foto: Coritiba

Ele sofreu gol de pênalti na primeira rodada, no Maracanã, na derrota para o Flamengo por 3 a 0, num duelo particular contra Gabigol, um especialista com aproveitamento altíssimo em toda a carreira. Mas a mudança já faz efeito nesta disputa, muitas vezes mental, entre o batedor e o goleiro.

De acordo com levantamento do Espião Estatístico do ge, entre clubes apenas da Série A – contando tempo regulamentar e disputa de pênaltis -, houve aumento de 12,4% na eficácia dos batedores, indo a quase 90% de aproveitamento nas 34 penalidades desde que a regra passou a valer, no dia 11 de abril.

Compare:

Pênaltis de times da Série A em 2022

  • 417 cobranças
  • 316 convertidas
  • 75,8% de aproveitamento
  • 101 cobranças perdidas (24,2%)
  • 76 defendidas (18,2%)
  • 13 trave/travessão (3,1%)
  • 12 para fora (2,9%)

 

Cássio pega pênalti pelo Corinthians contra o Remo: um dos poucos que conseguiu defender cobranças desde a mudança da regra — Foto: Marcos Ribolli

Cássio pega pênalti pelo Corinthians contra o Remo: um dos poucos que conseguiu defender cobranças desde a mudança da regra — Foto: Marcos Ribolli

Pênaltis de times da Série A em 2023 (de 11/04 a 01/05)

  • 34 cobranças
  • 30 convertidas
  • 88,2% de aproveitamento
  • 4 perdidas (11,8%)
  • 3 defendidas (8,8%)
  • 1 para fora (2,9%)

Santos, do Flamengo, Fábio, do Fluminense, Everson, do Atlético-MG, e Rafael, do São Paulo, cada um ao seu estilo, também protestaram sobre a mudança de regra.

– Eu não vejo uma regra para o batedor, só para os goleiros – resumiu o goleiro do São Paulo.

Goleiro Everson pega cobrança de pênalti do Boca Juniors, no ano passado: jogador do Galo é especialista em defesas  — Foto: Conmebol

Goleiro Everson pega cobrança de pênalti do Boca Juniors, no ano passado: jogador do Galo é especialista em defesas — Foto: Conmebol

Rafael considerou haver muito rigor e exagero na alteração – “daqui a pouco o goleiro não vai poder fazer mais nada”:

– Não tem nenhuma norma falando que o batedor não pode vir devagar, fazer paradinha… Na verdade, são só regras que atrapalham o goleiro o tempo inteiro.

– Ali é um jogo mental. Eu acho que tem que ser realmente dentro de um limite, não pode retardar o jogo, mas também acho que a gente não pode ficar calado numa situação de só ficar parado. Acho que vale essa provocação, esse jogo mental. É do jogo, é do esporte, achei que foi muito pesada essa nova regra, porque acaba limitando muito as ações dos goleiros – comentou o jogador do São Paulo.

“Aumentou mais o tamanho do leão para os goleiros”

Goleiro mais velho em atividade na Série A, Fábio, de 42 anos, especialista em defesa de pênaltis, lembrou a evolução da posição, mesmo lamentando também a mudança.

– Tinha que facilitar mais, sempre dificulta né (risos). Não tem nenhuma regra que ajuda aos goleiros ter mera facilidade nas cobranças. Sempre a adversidade é cada vez maior – comentou.

Fábio defende pênalti em Millonarios x Fluminense em 2022: veterano é antigo pegador de penalidades máximas — Foto: Daniel Munoz / AFP

Fábio defende pênalti em Millonarios x Fluminense em 2022: veterano é antigo pegador de penalidades máximas — Foto: Daniel Munoz / AFP

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